Uê ê ê, Uê ê ê, iê ia, iê iê ia
Uê êêêê, Uê êêêê, ê ê ia, iô
Nas ruas, beiras de estrada
Embaixo dos viadutos
Perdidos numa esquina
Não têm pra onde ir
Gemendo baixinho numa cama fria
Ou vendendo balas nos sinais
São vermes embaixo da terra
Só querem um pouco de paz
A matilha no lixo da feira
Disputa o que comer
No lugar de sonhos, uma arma
Na luta pra sobreviver
Na favela, uma nova senzala
Servem a outro senhor
O açúcar que adoça suas vidas
A outros só o amargo da dor
Levando chibatadas da vida
Da vida não esperam nada
Amanhã poder ser o último dia
Tendo a morte como alforria
Isso acontece há muito tempo
E sempre vai acontecer
Quem não tem dinheiro não consome
Quem não consome, não merece viver
São os esquecidos
São os que confirmam o mito
São aqueles a que a gente finge não ver
São os oprimidos
São os que não têm força, o grito
São poeira, poeeeeiraaaaa
Cria dessa terra, mãe negligente, que mostra amparo e amor aos filhos teus
Filhos dessa pátria, tão decadente, que esconde suas mazelas e nos torna ateus